Aiuruoca

A história do Município de Aiuruoca nos remete à da Serra da Mantiqueira que, desde tempos imemoriais, era habitada por povos indígenas os quais deixaram vestígios arqueológicos por diversas regiões. Esta serra começou a ser incorporada pela cultura ocidental a partir da descoberta de algumas jazidas de ouro na região. Foi cortada por bandeirantes em meados do século XVII e, no início do século XVIII, João Siqueira Afonso, considerado o fundador de Aiuruoca, transpôs a Serra da Mantiqueira e entrou em território mineiro (COSTA, 1994).

Vale do Matutu - Vitório Marçola

Vale do Matutu – Vitório Marçola

Se de início o primeiro povoado do município foi formado por mineradores em busca de ouro, posteriormente a região se revelou mais propícia para as atividades rurais, voltando-se para a produção de gêneros de subsistência para a atividade da pecuária, se tornando um centro estratégico para o suprimento das tropas mineradoras que passavam pela região.

Chalés com lareira - Vitorio Marçola

Chalés com lareira – Vitorio Marçola

Em meados do século XIX Aiuruoca foi atingida pela onda cafeeira que percorreu o Vale do Paraíba. Acredita-se que o primeiro morador do vale do Ribeirão da Água Preta tenha chegado ao movimento de expansão da cultura cafeeira, sendo possível que tenha utilizado mão de obra escrava para o plantio de café em larga escala nas meias encostas.
O posterior parcelamento das terras começa a dar origem a propriedades menores atraindo famílias de localidades vizinhas, formando um povoado que há algumas gerações já possuía a tradição de trabalhar com a terra e dela tirar o seu sustento, com nítida exploração familiar.

Pousada Pedra Fina com Pico do Papagaio ao Fundo - Vitório Marçola

Pousada Pedra Fina com Pico do Papagaio ao Fundo – Vitório Marçola

O município possui 6.450 habitantes. Estando a 980m de altitude, Aiuruoca integra o circuito turístico “Terras Altas da Mantiqueira” formado pelos municípios de Arantina, Andrelândia, São Vicente de Minas, Minduri, Aiuruoca, Seritinga, Passa Vinte e Bom Jardim de Minas. A região também se insere no circuito turístico Estrada Real, situando-se ao longo da BR-267 que interliga o caminho velho e o caminho novo do circuito. Está a uma distância, por estrada, de 410 km da capital do Estado, 320 km da cidade do Rio de Janeiro e 350 km da cidade de São Paulo. Grande parte do município está encravada na porção norte da Serra da Mantiqueira que abrange municípios do Estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Cachoeira no caminho do Pico do Papagaio - Vitório Marçola

Cachoeira no caminho do Pico do Papagaio – Vitório Marçola

O Município de Aiuruoca abriga também no seu território parte do Parque Estadual da Serra do Papagaio- PESP, criado pelo Decreto nº39.793, de 05 de agosto de 1998. O PESP se estende por uma área de 22.917 hectares, possuindo área limítrofe com o Parque Nacional do Itatiaia. Localizam-se na região do rebordo norte do maciço do Itatiaia, abrangendo parte dos territórios dos municípios de Aiuruoca, Alagoa, Itamonte, Pouso Alto e Baependi.

O Pico do Papagaio com altitude de 1.975 m, figura como principal cartão postal de Aiuruoca que atrai turistas principalmente por seus atrativos naturais, destacando-se os seus recursos hídricos abundantes e as trilhas ao longo da serra do papagaio que proporcionam ao visitante o contato com remanescentes da fauna e da flora da Mata Atlântica, além da beleza da paisagem montanhosa da Serra da Mantiqueira.
O Vale do Matutu fica a 17 km do centro urbano de Aiuruoca, cujo acesso se dá por uma estrada não pavimentada. Vindo de Aiuruoca, 6 km antes de chegar no Bairro do Matutu, encontramos o Bairro da Pedra (situado no sopé da Pedra do Papagaio) que junto com o Matutu integra a Microbacia do Ribeirão da Água Preta, afluente do rio Aiuruoca.

Cachoeira das Fadas - Vitório Marçola

Cachoeira das Fadas – Vitório Marçola

A vocação turística do Vale do Matutu, se expressa primeiramente nos seus inumeráveis atrativos naturais, entre os quais destacam-se as caminhadas e as cavalgadas pelo alto da Serra do Papagaio, onde o turista pode visitar mirantes a mais de 2000 metros de altitude, ter uma vista panorâmica das paisagens montanhosas da Serra da Mantiqueira, observar remanescentes primários de Mata Atlântica, andar por campos de altitude, contemplar imponentes formações rochosas e ter contato com espécies florestais endêmicas, destacando-se as bromélias e as orquídeas. Além disso, a abundância dos recursos hídricos na microbacia permite ao visitante desfrutar das inúmeras cachoeiras formadas ao longo de toda a extensão do vale. Dentre os principais atrativos naturais o Pico do Papagaio, com altitude de 2100 metros, o Pico do Bandeira, o mirante do Gamarra e o alto do Canjica, situados no alto da serra (com altitudes de 2350m, 1750m e 2140m respectivamente), a Cabeça do Leão com altitude de 1600m que, juntamente com o Pico do Papagaio, compõe o portal de entrada do vale, e a Cachoeira do Fundo que pode ser avistada de vários pontos do vale.

Centro de Visitantes - Vitório Marçola

Centro de Visitantes – Vitório Marçola

Existem também os atrativos socioculturais, manifestos nos ideais comunitários e nas propostas alternativas de vida econômica, social e espiritual que também é motivo de atração dos turistas para o vale. Entre os eventos estão a Semana da Primavera; a festa de São João em junho, tradicionalmente organizada pela escola Arcanjo Miguel em conjunto com a comunidade; e as festividades religiosas promovidas pelos nativos e pela comunidade da reserva. Entre os nativos comemora-se a Folia de Reis em janeiro, a festa de Santa Cruz em maio e as festas Juninas.
Muitos visitantes também são levados ao vale por uma espécie de busca espiritual, atraídos pelo apelo místico do Matutu, assim como de toda a região da Serra da Mantiqueira. Existe uma visão dentro do meio esotérico de que a região do Sul de Minas reúne características especialmente favoráveis ao despertar de uma nova maneira do ser humano atuar e interagir com o ambiente que o cerca.

Centro de Visitantes - Vitório Marçola

Centro de Visitantes – Vitório Marçola

O desafio que claramente se coloca é encontrar um modelo de relação com natureza que equilibre a necessidade primária de obter da terra o sustento das famílias camponesas e a necessidade de preservar e conservar a natureza, salvaguardando o patrimônio natural e oferecendo alternativas de renda que garantam a sobrevivência e a permanência do homem no campo.

Texto: Gabriel Domingues